Obama só ajuda banco que cortar supersalário

Obama diz que empresas beneficiárias do socorro financeiro governamental estão proibidas de pagar mais de US$ 500 mil por ano aos executivos. Medida não vale para quem já começou a receber ajuda

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, determinou a limitação da remuneração anual dos executivos das empresas que receberem ajuda financeira dos cofres públicos. Eles não poderão ganhar mais do que US$ 500 mil por ano. A medida é uma resposta às críticas de que o governo estaria usando dinheiro do contribuinte para pagar, indiretamente, salários milionários a pessoas que quebraram as companhias que dirigiam. Causou escândalo na oposição republicana a notícia de que bancos falidos distribuíram, no final do ano passado, US$ 18,4 bilhões em bônus a seus dirigentes. Naquele momento, o governo já tinha torrado mais de US$ 250 bilhões para salvar diversas instituições financeiras, como o Citigroup, o Bank of America e a seguradora AIG.

"O que escandaliza as pessoas é que dirigentes sejam premiados por seus fracassos, sobretudo quando esses prêmios são pagos pelos contribuintes", afirmou Obama. Segundo ele, o teto fixado agora representa "uma parte ínfima" dos salários pagos recentemente. "As pessoas que se beneficiam da ajuda dos contribuintes têm algumas responsabilidades, entre as quais a de não viver como um marajá." O presidente assegurou que todas as instituições financeiras que receberem ajuda do governo também se submeterão a regras mais rígidas sobre os prêmios concedidos aos executivos no momento de sua saída. Elas serão obrigadas a manter uma contabilidade mais transparente, com a especificação de despesas como passagens aéreas, festas e reformas.

O dinheiro repassado aos bancos até agora vinha do plano de auxílio de US$ 700 bilhões aprovado no Congresso pelo presidente George W. Bush, em 2008. O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, tem à disposição a segunda parcela desse programa, no valor de US$ 350 bilhões. A distribuição da ajuda estará vinculada aos salários dos CEOs (chief executive officer). No entanto, a regra não vale para empresas que já receberam parte do socorro. Entre estas, constam o Bank of America e o Citigroup.

Kenneth Lewis, CEO do Bank of America, recebeu US$ 20 milhões em 2007. Vikram Pandit, do Citigroup, foi promovido em dezembro de 2007 e arrecadou US$ 3,1 milhões em seu primeiro ano à frente da empresa. Alguns executivos poderão ter seu salário reduzido em até 99% caso se enquadrem na nova diretriz. No Brasil, altos executivos dos maiores bancos privados faturam cerca de US$ 2,6 milhões a cada ano. O teto de US$ 500 mil será mais radical para empresas que se enquadram na categoria de "assistência excepcional". Algumas organizações terão um limite mais flexível caso garantam total transparência nos pagamentos.

Novo plano
Obama afirmou ontem que o Tesouro vai anunciar na semana que vem um novo plano para recuperar o sistema financeiro e aumentar o volume de crédito. "Essa nova estratégia levará em conta os erros cometidos no passado e assentará as bases para o futuro", disse. Diversos analistas duvidam da eficácia do pacote de Bush, baseado principalmente na injeção de capital em troca de ações. Além do programa financeiro, Obama negocia a aprovação, no Senado, do programa de investimentos e corte de impostos para recuperar a economia, em recessão desde dezembro de 2007. A versão em análise é de US$ 900 bilhões, um volume superior aos US$ 819 bilhões do plano aprovado na Câmara.

Na terça-feira à noite, o presidente deu várias entrevistas a redes de TV sobre as suas primeiras duas semanas na Casa Branca. Ele admitiu ter cometido um erro na condução do caso de sonegação de impostos do seu indicado para o Departamento de Saúde, o ex-senador Tom Daschle, que deixou de pagar US$ 128 mil sobre os ganhos por trabalhos de consultoria. "Eu estraguei tudo. Cometi um erro e provavelmente não será o último que cometerei durante o mandato", disse à TV conservadora Fox News. Daschle e a indicada para ser a xerife das contas públicas, Nancy Killefer, renunciaram há dois dias. Killifer deixou de pagar US$ 900 de encargos trabalhistas de empregados domésticos.

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